28 de mar. de 2007


Ela reiventa-se a cada minuto que passa, cada instante é novo como a surpresa da criança que descobre coisas novas.
Ela é um vento que perpetua nos cantos dos quartos largos, repletos de estrelas.elas solitárias. Ela descobre de si, e se conhece mais feliz.

23 de mar. de 2007

zumbir-se.

Foi aquela dor de cabeça que fazia arder sua mente
que estacionou todos os seus pensamentos:
Ela parou de escrever.
Parou de pensar. E foi então que o vazio se fez mais presente
até mesmo que o ar, o qual respirava com dificuldade.
Percebeu então que o vazio vinha de fora pra dentro
e de dentro pra fora, inexplicavelmente.
Um fluxo interminavel, continuo, renascente.
O vazio tirava suas forças, pouco a pouco...
E se nutria e crescia, um vazio pardo que zumbia.
Ela estava tonta. Zumbia.
Soltou a caneta, tentou se levantar.
Zumbia.
As estrelas do lado de fora da janela brilhavam
feito vagalumes endoidecidos, até moviam-se...
Ai chega, dói demais. Zumbia.
A cabeça pesava trezentas toneladas de vazio pardo.
Desses que não se compram em farmácias,
nem se vêem na televisão com freqüencias distorcidas.
Estava fora do canal de si. E zumbia.

19 de mar. de 2007

agora o samba é menino.


Destencione seus músculos. seus nervos nervosos. seus pensamentos reflexos. seus segundos de espera.
Relaxe as costas cansadas. seu olhar rígido. suas pernas elétricas. suas mãos suadas.
Acalme os instantes cobrados. suas cobranças de si. suas dívidas com o tempo. suas dúvidas da vida.
Esfrie a cabeça. seu sangue fervente. sua voz efervescente. seus hábitos inconstantes. seu dia interminável.
e agora, agora o samba é menino.

13 de mar. de 2007

Ao dia.


O dia estava mais claro que o habitual, abrira bem as cortinas de todas as janelas da casa, para contemplar o céu. Identificou-se com as nuvens que se abraçavam, aos poucos pouquinhos. Vez ou outra ouvia um pássaro cantar a canção do dia, que ninguém mais escuta.
"Eles preferem Beatles", pensou.
Mas lá estava ela e aquele céu imenso, quis então saber voar e conquistar cada milímetro de espaço que o azul infinito oferecia. Então teve um breve sentimento que suas estórias sempre são sobre nada. Nada. E ela se sentia branca, não como o dia, mas um branco vazio, meio brilhoso e pastoso. Um branco pastoso. Quis correr e se misturar com as cores do dia, com o azul do céu, mas descobriu-se estática, os pés pesados e presos no branco pastoso.
Peso, preso, pastoso.
Na ordem desordenada de seus pensamentos.

8 de mar. de 2007

Ela, a escuridão e ponto azul.

Correu desesperadamente ao encontro do ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja. Correu, correu e correu sem fim dentro de si.
procurava-se. E só via esse ponto azul, essa semi-esfera e mais nada. Fechara os olhos a quatro horas atrás avisando a todos que de uma vez por todas iria se encontrar e se entender.
E à quatro horas, só existe esse ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja. E mais nada. Ela, a escuridão e o ponto azul.
Ao menos o ponto fosse amarelo, pensou. Mas era um azul faiscante e inexplicavel. Apenas existia. E vibrava no ar as centenas de moléculas que ela criara em seu universo. Gostava de poesia, mas seu infinito era tão vazio e relutara tanto contra essa simples esfera azul que não entendia sua existência e persistência. Ela queria cores, ela queria ser Lucy e estar no céu com os diamantes. Mas ao invés disso, encontrava-se em uma escuridão e um ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja.
Correu, correu e correu para dentro de si, cada vez mais. A luz azul crescia, mas ela não se enxergava. Ela era seus olhos, de castanho brilhoso. Olhava ao redor e já estava tão perto que a luz não tinha nem começo nem fim. Estava coberta de luz azul. Agora a luz era mais clara que antes, mais viva e ela se sentia bem. Ao fundo, um som, harpas talvez, violinos e violões. Se aproximavam abraçando o ar e seus ouvidos, calmamente. Sentia-se. E isso era incrível.
Sentir-se.
Ela viu cabelos brincar no ar, não notara, mas havia se entregado a música, a dança. Eram um só agora. Então, foi caminhando em si mesma, buscando outras coisas que poderiam existir em seu interior. Sentiu uma silhueta se desenhar no ar. Fixou o olhar amendoado e viu um espelho refletir sua própria imagem. Aproximando-se, aproximando-se, aproximando-se, cada vez mais. A menina sorria para si e...
Despertou. Droga de telefone.