15 de out. de 2010

Não sei ainda por onde se começa, aonde termina, se é que termina. Mas há um movimento pulsante que impulsiona tudo o que era e veio a ser, então é. Devir. Vim cada vez para mais perto, pensando que era o interior do centro a força que abre tudo em desaguar. Mas não. Esse centro é então qualquer lugar, beira margem, centro. Qualquer lugar em mim. Vivo, latente.

8 de set. de 2010

"De cada cor diferente que tente me clarear
É noite que vai chegar, é claro, é de manhã, é moça e anciã"


Galope Rasante - Zé Ramalho

5 de set. de 2010

Sou tudo o que trago dentro de mim, as minhas trajetórias internas.
Desconfio dos caminhos, dos descaminhos, me perco às vezes, mas isso faz parte também.
Não é todo dia que o sol se abre triunfante, clareando tudo. Tem sombra.
Compreendo que a sombra é a pré-claridade, é o momento antes, o acostumar-se com a luz.
Quando se acostuma aos poucos, se adaptando, percebe-se por onde se anda, que estrada é essa.
Qual o melhor caminho.

Aos poucos vai clareando, ganhando rumos.
É assim, que seja assim.

1 de ago. de 2010

Não tem Título.

Faz uns dias que andei pensando em escrever algo, me lembrava, pensava em frases palavras sensações, mas quando estava frente a frente à tela e aos teclados, cansava, não, não escrevia. Via o tempo passar e estava bom demais. Eu falei demais. A verdade é que às vezes tenho a sensação de estar me complicando com as palavras, ou elas comigo. Parece que o pensamento perde o sentido na metade, do meio pro fim. Ou no começo.
Eu estava andando pelo centro da cidade, por aquelas ruas imundas, entre pessoas apressadas, eu também estava. Sacolas batendo, sinal, fumaça, barulho, comida, fome, preços, impressão de tudo ali estar à venda. E ninguém vê nada disso. Estava angustiada, cansada sabe lá de quê. De mim, talvez, daquele sentimento. Andei andei, ruas apertadas, não me fazia sentido nada disso, estar ali naquela bagunça tendo na cabeça tantos pensamento apertados assim como as ruas. Mas aí, eu me surpreendi.
Praça do Ferreira, vento, aberto. O mesmo barulho, outras tantas pessoas passando, mas elas passavam. Eu me senti bem. Vi uma revoada de pombos, um relógio central da praça parado. O tempo, ele não parou. Só o relógio, eu parei, desacerelei por dentro. Tranqüilizei a agonia. Atravessei a praça, como quem redescobre. Sentimento de fazer um pouco de razão. Saí, continuei e meu dia ganhou novas vontades, caminhei.

20 de mai. de 2010

13 de mai. de 2010

"Não sei como começar, e se soubesse, certamente não seria com uma negação. Mas já comecei, e bem, é. Gosto de olhar as pessoas, da forma que olham, andam, se vêem, conversam, do jeito que expressão com o corpo o que a mente quer lembrar, embora não repare como eu faço. Enfim, as pessoas, não, eu. Desfoquei.

Tem sido um impulso muito estranho a minha vida.
Nem bem entendo completamente os processos e já me lanço, vida vida, ultrapassa todo entendimento. Eu poderia estar escrevendo a um desconhecido, por exemplo, mas não, escolhi você. Isso talvez nem entendamos, significa muita coisa no campo dos signos. Eu mesma sou uma desconhecida.

Tem muitas portas que ainda não abri, meu coração é um labirinto cheio de corredores. Tem um teto baixo, mas isso não é meu coração por inteiro, e pode nem ser o meu e me parecer ser. Muitos planos, poucos atos. Ou seria muitos atos, poucos planos?
Não sei.

Te liguei esses dias, nunca me atende. Não ligo mais, digo, não ligo mais para isso. Continuo te ligando. Ocupado. Desligado. Obrigada, deixa pra próxima.
Resolvi escrever um samba, uma poesia, cantar, viajar em uma serenata, ir para o mar, te levar comigo. Desisti, a gente desiste de tanta coisa que pensa. Ainda bem, certas coisas assustam dentro da gente, ainda não, podia conseguir tantas coisas se acreditasse mais um pouco. Em mim.

Fico me procurando, sabe, aonde perdi a essência de coisas mínimas. Minhas. Tinha simplesmente coisas que existiam aqui e não estão mais, ficaram no caminho, se perderam ou se transformaram em outras. Apareceram outras mesmo. Mas é que queria todas. Estou te confundindo?

Na verdade, o que eu quero mesmo é um sonho, uma força, um impulso cria-dor, criar uma, sarar outras.

Tudo isso descreve muito, meu amigo, de dias, de horas, e do nada. De nada.
Me liga qualquer hora? Promete? Não, não prometa, odeio expectativas. Pronto não me ligue. (E me surpreenda, é melhor. Pronto, estamos combinados).

Ainda não li os livros, tenho pilhas, deixo tudo, acumulo muito. Você sabe.
Peguei outros para ler, interessantíssimos, mas tenho que ler tudo, cansei de imcompletudes. Começar e ir até o final, quando convier. É claro.

Te gosto, não some."

Rasguei.

2 de mai. de 2010

Quando é que a gente sabe que aprende? Quando é que a certeza se apresenta certa? De onde foi que veio esse sentimento de retroceder nas coisas? Pequenas coisas, coisas pequenas. Mas a sensação não, aprendi ou não aprendi? As perguntas são engrenagens, em que me movimentam?
O nome disso não é medo, não sei se tem nome. Tem?

Quero me soltar, tirar essa poeira leve de cima de mim, sair da penumbra, entrar no fluxo. Crescer.

Crescer, crescer...

A minha compreensão é do tamanho que eu me entendo e entendo o mundo. Parece assim, desabafo essas palavras. Uma necessidade.

Aproveitar esse vento que vem do norte e voar! Alçar liberdade para a felicidade.

11 de abr. de 2010

Confiro-me profundidade no silêncio, que ora encontro, ora me desaparece. Não é poço escuro, é um passo. Minha profundidade é um passo que dou cada vez que me aproximo de mim, para dentro. Caminho tateando as batidas do coração, sentindo as vibrações dos pensamentos, mergulho, sou mar. Animal marinho me atravessa azul.

5 de mar. de 2010

Acordei com o calor da manhã comendo meu sonho, meu sono ensopado. Ainda a sensação da noite não dormida resiste no corpo, que se move lento, fatigado por algo, matéria sonolenta, lenta mente acordando inerte. Não é cedo como se podia pensar, é tarde, sempre é tarde. Mas o organismo às vezes não acompanha com tanta rapidez o movimento do tempo, que pior que o calor, come tudo. Devora com as horas o que se achava que ainda dava tempo, não dá, já passou. Parece-me que o tempo liberta e aprisiona-nos em seus ponteiros assimétricos, na força que empenha quando movimenta de um algarismo a outro. Preso e libertos no espaço-tempo que nos movimenta em seus segundos. É tarde, como havia dito, mas as janelas ainda estão fechadas, embora a claridade me seja clara. O calor, como o tempo me consome, usam de artifícios para digerir-me. A angustia de dormir até tarde, perder tempo e ser devorada pelo calor também me consome, e no fim tenho a sensação de não existir depois de tanto esses seres abstratos me levarem. Mas ainda é dia, e vou indo antes que não me reste mais nada.

18 de jan. de 2010

começo a pensar que minha vida é um processo contínuo de florescimentos, somando imagens, sons, cheiros, gostos, desgostos, sonhos, vontades, delírios, mais que isso, mais de mim. de lírios, todas as vozes, deitada, acordada, dormindo, em pé. pego no ar o tempo de que preciso, agarro, amarro, solto, vôo. sou eu quem dança no espelho, do lado de dentro. com a vida em plantações, semeio, se meio, se.
ser.