Eu estava andando pelo centro da cidade, por aquelas ruas imundas, entre pessoas apressadas, eu também estava. Sacolas batendo, sinal, fumaça, barulho, comida, fome, preços, impressão de tudo ali estar à venda. E ninguém vê nada disso. Estava angustiada, cansada sabe lá de quê. De mim, talvez, daquele sentimento. Andei andei, ruas apertadas, não me fazia sentido nada disso, estar ali naquela bagunça tendo na cabeça tantos pensamento apertados assim como as ruas. Mas aí, eu me surpreendi.
Praça do Ferreira, vento, aberto. O mesmo barulho, outras tantas pessoas passando, mas elas passavam. Eu me senti bem. Vi uma revoada de pombos, um relógio central da praça parado. O tempo, ele não parou. Só o relógio, eu parei, desacerelei por dentro. Tranqüilizei a agonia. Atravessei a praça, como quem redescobre. Sentimento de fazer um pouco de razão. Saí, continuei e meu dia ganhou novas vontades, caminhei.
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