Correu desesperadamente ao encontro do ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja. Correu, correu e correu sem fim dentro de si.
procurava-se. E só via esse ponto azul, essa semi-esfera e mais nada. Fechara os olhos a quatro horas atrás avisando a todos que de uma vez por todas iria se encontrar e se entender.
E à quatro horas, só existe esse ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja. E mais nada. Ela, a escuridão e o ponto azul.
Ao menos o ponto fosse amarelo, pensou. Mas era um azul faiscante e inexplicavel. Apenas existia. E vibrava no ar as centenas de moléculas que ela criara em seu universo. Gostava de poesia, mas seu infinito era tão vazio e relutara tanto contra essa simples esfera azul que não entendia sua existência e persistência. Ela queria cores, ela queria ser Lucy e estar no céu com os diamantes. Mas ao invés disso, encontrava-se em uma escuridão e um ponto azul, como uma esfera, só que levemente triangular, para não ser o que espera que seja.
Correu, correu e correu para dentro de si, cada vez mais. A luz azul crescia, mas ela não se enxergava. Ela era seus olhos, de castanho brilhoso. Olhava ao redor e já estava tão perto que a luz não tinha nem começo nem fim. Estava coberta de luz azul. Agora a luz era mais clara que antes, mais viva e ela se sentia bem. Ao fundo, um som, harpas talvez, violinos e violões. Se aproximavam abraçando o ar e seus ouvidos, calmamente. Sentia-se. E isso era incrível.
Sentir-se.
Ela viu cabelos brincar no ar, não notara, mas havia se entregado a música, a dança. Eram um só agora. Então, foi caminhando em si mesma, buscando outras coisas que poderiam existir em seu interior. Sentiu uma silhueta se desenhar no ar. Fixou o olhar amendoado e viu um espelho refletir sua própria imagem. Aproximando-se, aproximando-se, aproximando-se, cada vez mais. A menina sorria para si e...
Despertou. Droga de telefone.