9 de abr. de 2008

Tinha mãos de velha, embora todo o corpo contrariasse essa idéia de passado encravado. Principalmente os olhos, duas caixinhas, duas portinhas abertas à ligando ao mundo louco. Com cores de vida brilhavam em dias e noites cinzentos da cidade de rotina, cidade deve ser sinônimo de rotina, repetição que perde sentido. À tarde, costumava sentar nos bancos solitários das praças solitárias para ficar olhando a agitação, o movimento, o correr e passar de pessoas. Observava cada uma, as roupas, os cabelos, olhares, o modo de como andam. O que será que pensam? Quem serão? O que sentem, pelo que tem passado? Cada um tem uma história, pensou a menina de olhos vivos. E se ignoram, não deixava de notar o quanto demonstravam sua indiferença com a existência do outro. O outro, talvez nem nunca tenham parado para entender essa palavra. O que é o outro? Mas às 16h ela parava com todos esses questionamentos, não adianta pensar sozinha nisso, enquanto ninguém a conhesse. Levantou, andou sozinha entre buzinas, carros, fumaça, barulho de gente séria resolvendo problemas sérios.
-Toda repetição perde sentido, falou baixinho, alheia.

Um comentário:

D. disse...

Maravilhoso.

Teu?

Vou add ao meu blog.